Sei que não sou a única no mundo a fazer isso. A gente nunca é o único no mundo a fazer algo. Mas fico imaginando o quão esquisito isso é. Até porque nunca falei pra ninguém e jamais vi alguém comentando algo semelhante comigo. Presumo que muito.
Eu tenho fantasias com a minha morte.
Com frequência.
Pelo menos algumas vezes por semana, aleatoriamente, me imagino morrendo. Por exemplo: estou tranquila no ônibus quando de repente tenho uma visão bem realista do ônibus batendo, depois vejo que tudo está bem e continuo minha viagem como se nada estivesse acontecido. Às vezes levo um susto quando é vívido demais. Às vezes minha imaginação continua por vários minutos me vendo numa cama de hospital ou me despedindo de pessoas queridas até que vou voltando pra realidade aos poucos como se estivesse acordando de um sonho ruim.
Estou tão acostumada com isso na minha rotina que, até hoje, não tinha reparado como isso é bizarro. Fui me dar conta disso enquanto andava no jardim da casa dos meus pais após imaginar a cena de morte mais ridícula já inventada, digna de entrar nos top darwin awards. Ok, não a mais ridícula... acho difícil superar esse cara. Talvez mais ou menos no nível de um conhecido do meu pai que morreu engasgado com panetone (sim, isso é verídico). Depois da visão fiquei pensando: "Putz, não posso morrer assim. Imagina só meus amigos contando pros filhos que tiveram uma amiga que morreu quando um coco caiu na cabeça dela. Que coisa ridícula!"
Mas será que mortos pensam? Supondo que não haja existência após a morte, o caso está encerrado: se não há existência, não há preocupações, medos, vergonhas. Caso contrário, havendo existência, há consciência? Havendo consciência, uma consciência capaz de sentir tais emoções? E motivo? Por que um morto ligaria pro que pensam? Esse tipo de raciocínio sempre me faz chegar em uma teoria antiga minha... A morte só existe pra quem está vivo.
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